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Eu temo muito o mar, o mar enorme,
Solene, enraivecido, turbulento,
Erguido em vagalhões, rugindo ao vento;
O mar sublime, o mar que nunca dorme.
Eu temo o largo mar, rebelde, informe,
De vítimas famélico, sedento,
E creio ouvir em cada seu lamento
Os ruídos dum túmulo disforme.
Contudo, num barquinho transparente,
No seu dorso feroz vou blasonar,
Tufada a vela e n'água quase assente,
E ouvindo muito ao perto o seu bramar,
Eu rindo, sem cuidados, simplesmente,
Escarro, com desdém, no grande mar!
Cesário Verde morreu no dia 19 de Julho de 1886, com apenas 31 anos. Natural de Lisboa, foi e é um dos precursores do modernismo em Portugal.
Um poeta do concreto, das quadras simples, Cesário Verde empregou técnicas impressionistas com grande sensibilidade, evitando o lirismo tradicional e expressando-se de uma forma mais natural. A sua carreira literária começou no “Diário de Notícias”. Os versos que publicou foram na altura mal recebidos pelo público e pelos críticos literários.
A primeira edição de “O Livro de Cesário Verde” - uma coletânea de 37 dos seus poemas - foi publicada um ano após a sua morte, mas o reconhecimento da sua genialidade - que deu origem a uma nova poesia - veio quarenta anos depois, através de Fernando Pessoa, que o chamava de “mestre”. Em 1877 começou a ter sintomas de tuberculose. Tentou curar-se, mas veio a falecer da mesma doença que vitimou vários dos seus familiares.
A 26 de Março comemora-se o Dia do Livro Português. A iniciativa da Sociedade Portuguesa de Autores, representa a importância do livro e da da língua portuguesa na evolução do saber e do ser da Humanidade.