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Arte Notes.

Anotações artísticas, Ambiente & Direitos Humanos por Ana Branco.

Arte Notes.

Anotações artísticas, Ambiente & Direitos Humanos por Ana Branco.

(Re)significar o real

30.06.23

 

Insistir na afirmação falsa, apesar dos desmentidos confiáveis; insinuar palavras e imagens que expressadas se detêm apenas num ponto; pressupor algo como certo sem questioná-lo; omitir o contexto; inverter a relevância e a pós-censura, ou a ofensa a quem não segue a tese dominante. No ambiente social das redes, a informação (re)significa o real.

 

"Dancing with Ghosts"

29.06.23

 

Dois amantes que se apaixonam, mas por causa de muitas circunstâncias não podem ficar juntos. Decidem aceitar o seu destino, mas ainda se encontram como fantasmas para celebrar os seus sentimentos.

Hania Rani é acompanhado por Patrick Watson, que dá vida sobrenatural ao etéreo "Dancing with Ghosts". O vídeo apresenta um círculo íntimo de amigos e criativos que ocupam a paisagem de Paris através do movimento.

Memória Colectiva

28.06.23

wikipédia

A Rebelião de Stonewall, que aconteceu a 28 de Junho de 1969, ficou conhecida como várias manifestações violentas e espontâneas da comunidade LGBTQIA+ em resposta a uma invasão da polícia de Nova York no bar Stonewall Inn, localizado no bairro de Greenwich Village, em Manhattan, Nova Iorque. 

Nos anos 1950 e 1960 poucos estabelecimentos recebiam pessoas assumidamente homossexuais e as rusgas policiais, que eram rotina em bares gays, descontrolaram-se no Stonewall Inn, atraindo uma multidão que se revoltou durante as noites posteriores. Em pouco tempo, os moradores do bairro organizaram grupos de ativistas para protegerem as pessoas LGBTQIA+ que frequentavam estes estabelecimentos, com receio de serem presos e agredidos.

Nos seis meses que se seguiram aos motins de Stonewall, foram formadas em Nova York duas organizações ativistas gays, e três jornais foram fundados para promover os direitos das pessoas LGBTQIA+. Para assinalar o aniversário dos motins, a 28 de Junho de 1970 realizaram-se as primeiras marchas do Orgulho Gay em Nova York, Los Angeles, São Francisco e Chicago. Marchas semelhantes aconteceram noutras cidades e, hoje, em todo o mundo, no final de Junho, continuam a realizar-se para assinalar a Rebelião de Stonewall e a luta pelos direitos das pessoas LGBTQIA+.

 

Entre o ser e o pensar ser

28.06.23

 

wikipédia

«…mas se nós temos no interior quatro, cinco almas em luta entre si: a alma instintiva, a alma moral, a alma afetiva, a alma social... E que não se manifestam nunca por inteiro, mas ora de um modo, ora de outro, conforme queiram os casos da vida: conforme domine esta ou aquela, compõe-se a nossa consciência, uma interpretação fictícia de nós mesmos, do nosso ser interior que desconhecemos. Falta exatamente à nossa consciência do mundo, e de nós mesmos, aquele valor objetivo que comummente presumimos atribuir-lhe. É uma contínua construção ilusória.»

Segundo Luigi Pirandello (28 Junho 1867 - 10 Dezembro 1936), o tormento do ser humano reside na ambiguidade e na impossibilidade de romper o conflito entre o ser e o pensar ser. «Nós não somos aquilo que pensamos ser, mas aquilo que, a cada momento, nós mesmos construímos, por obra da ilusão.»

 

"Lã de Rocha” de Tiago Hesp foi a proposta vencedora da 1.ª Open Call WOOL

28.06.23

 

Tiago Hesp «Lã de Rocha» © Mariana Vasconcelos

Tiago Hesp «Lã de Rocha» © Mariana Vasconcelos

"Lã de Rocha", a pintura mural  do artista português Tiago Hesp, foi a proposta vencedora da 1.ª Open Call WOOL (Covilhã Urban Art).

O artista comenta que "há muito que lá queria ir. Se calhar, pela vizinhança com a terra dos meus avós, pela imagem tremenda da cidade deitada na serra, por ver tantas vezes o casario ao longe, para lá dos cerejais, quando passamos a gardunha. Já lá tinha estado mas queria lá ir, pintar, onde tantos que admiro já deixaram a sua tela. O número 10 pareceu-me certo e o vento de feição. Lá fui eu. E escrevi um texto para acompanhar a minha peça:

"Nesta casa mora uma pedra.
A casa dorme sobre ela.
Sobre ela dorme a cidade; sobre as grandes lapas de granito, os mais velhos gigantes daqui.
Pela pedra a cidade cresce e sobe a montanha que a rocha ergueu.
As velhas lapas fizeram a serra e a ela levam quem quer subir.
A cidade e as gentes por ela trepam. Sem quase a ver, é pela sua mão que chegam ao cimo, passo a passo, por baixo de si, carregam cada pé.
Pelas rochas chegámos ao topo, viajámos, galgamos os quase 2000 metros, zeppelin alado, balão de ar quente, a muralha que o céu ergueu.
E nada aqui seria, não fora a pedra que tudo carrega.
...
Falar da subida é enaltecer os antepassados que galgaram terreno à montanha mas também a aceitaram para si e para os seus filhos como uma troca entre suor e oportunidade, entre riqueza e muito trabalho. É enaltecer esta subida galgada à pedra que até os falares moldou..."

 

Expressão de subtilezas contrastantes

27.06.23

 

Helena Hauss «Hell Hath No Fury»

 

«Hell Hath No Fury», o conjunto de cerâmica contemporânea de Helena Hauss, representa a abordagem da artista francesa à força interior e à fúria que vem de ser mulher, em contraste com uma aparência de delicadeza, fragilidade e vulnerabilidade com a qual a feminilidade é, muitas vezes, marcada.

Um projeto que a artista define como "uma expressão das subtilezas contrastantes", vulnerabilidade versus "força interior, fúria e empoderamento."

 

“Ova ortegrafia”

26.06.23

 

Livro

 

Escritora marcante “na interrogação do poder fundador da fala”, Maria Velho da Costa tinha a preocupação frequente de testar discursos fora do seu momento mais oportuno, como é exemplo “Ova ortegrafia”, uma abordagem frontal da persistência da censura no Portugal de 1972.

«Ecidi escrever ortado; poupo assim o rabalho a quem me orta. Orque quem me orta é pago para me ortar. Também é um alariado, Também ofre o usto da ida. Orque a iteratura deve dar sinal da ircunstância, e não tem ustificação oral.E ais: deve ter em conta todos os ofrimentos, esmo e rincipalmente os daqueles ujo trabalho é zelar pela oralidade e ordem ública – os ortadores.

Eu acho que enho andado esavinda omigo e com a grei, com tanta liberdade de estilos e emas e xperimentalismos e rocadilhos que os ríticos e eitores dizem arrocos e os ortadores, pelo im, pelo ão,ortam. A iteratura eve ser uma oisa éria,e esponsável. Esta é a minha enúncia ública. (Eço desculpa de esitar nalguns ortes, mas é por pouco calhada neste bom modo de scrita usta ao empo e aos odos),

Izia eu que o ortoguês que ora, nesta ora de rudência e sforço, se não reduz a orma imples, não erve a vera íngua da Pátria. (Por enquanto só orto ao omeço, porque a arte de ortar não é fácil; rometo reinar-me até udo me air aturalmente ortado e ao eio e ao im.)

Outros jovens me eguirão o rilho. Odos não eremos emais para ervir na etaguarda os que, em árias frentes por nõs se mputam.

A issão do scritor é dar estemunho e efrigério aos e dos omentos raves da istória, ao erviço dos ideais da sua comunidade, ervir a oz do ovo, espeitar a oz dos overnantes egítimos.
Olegas, em ome da obrevivência da íngua,vos eço, pois: Reinai-vos a ortar-vos uns aos outros, omo eu me ortei.»

in “Desescrita”, Afrontamento (1973)

 

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