print screen do artigo 65º da Constituição da República Portuguesa

Em Portugal, estima-se que existam mais de 38 mil famílias em situação de carência habitacional.

A 30 de Setembro de 1791, Wolfgang Amadeus Mozart estreava a ópera “A Flauta Mágica” em Viena. Sendo uma das óperas mais conhecidas e executadas regularmente no mundo, a peça foi lançada pela primeira vez apenas dois meses antes da morte prematura do compositor austríaco.

Mozart baseou-se no espectáculo mágico e na comédia mundana do teatro popular vienense. Além de ser uma comédia, "A Flauta Mágica" é uma expressão das suas crenças profundas: as preocupações iluministas com a busca pela sabedoria e pela virtude estão no centro deste conto encantador. A "Flauta Mágica" foi um sucesso instantâneo de público e o suposto rival de Mozart, Salieri, descreveu-a como um ‘operone’ – uma grande ópera.

Imagem Pixabay

“The asymmetry between people manifests itself and is sustained in language.”

Tradução da I.A.:

”A assimetria entre as pessoas se manifesta e se sustenta na linguagem.”

Tradução de um tradutor:

“A assimetria entre as pessoas manifesta-se e sustenta-se na linguagem.”

Lançado oficialmente em 1991, o Dia Internacional da Tradução promove a profissão de tradutor no mundo. O frase que partilhei demonstra que, apesar da I.A. permitir obter traduções extremamente rápidas, e de forma cada vez mais precisa e rigorosa, não consegue, por exemplo, adaptar a tradução aos leitores destinatários. Facilita o trabalho do tradutor, mas a competência de um tradutor, o seu conhecimento da cultura local, usos e costumes e subtilezas culturais e linguísticas continuam a ser indispensáveis.

“Losers”, o quinto single do álbum "Zeitgeist" de The Legendary Tigerman, lançado ontem, é-nos apresentado num vídeo, realizado por Edgar Pêra, que é uma distopia épica com recurso à Inteligência Artificial. A forma possível de criar e mostrar uma enorme revolta popular contra a escravatura financeira global com recursos económicos limitados.

“Losers”, que conta com a participação de Anna Prior, é, nas palavras do artista, “uma canção sobre os dias de hoje. É sobre a opressão financeira que a maioria de nós está a sentir, sobre o falhanço do capitalismo e sobre a grande mentira de que a meritocracia é real e funciona. É uma chamada de atenção. O Amor e a Empatia têm que valer mais do que o dinheiro.”

Imagem editada de vídeo

Em Agosto de 1945, a primeira bomba atómica foi lançada sobre a cidade japonesa de Hiroshima. No momento do atentado, Sadako Sasaki, uma menina de dois anos, estava a um quilómetro do centro da explosão. Apesar da proximidade, sobreviveu aos efeitos imediatos. No entanto, 10 anos depois foi diagnosticada com leucemia.

Enquanto estava no hospital, Sasaki aprendeu que, segundo a lenda japonesa, se dobrasse 1.000 origamis, um desejo seria realizado. Começou a dobrar dezenas de origamis todos os dias. Quando ficou sem papel, usou embalagens de remédios e tudo o mais que encontrou. Mas, infelizmente, a sua condição piorou e morreu aos 12 anos.

Hoje, os origamis tornaram-se um símbolo poderoso de um mundo sem armas nucleares. Em 2017, a Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN) recebeu o Prémio Nobel da Paz pela sua liderança no trabalho em prol de uma proibição de armas nucleares baseada num tratado. Hoje é o Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares.

Imagem Wikipédia

Lançado pela primeira vez a 26 de Setembro de 1969, "Abbey Road" foi o último álbum dos Beatles a ser gravado, mas não o último a ser lançado. "Let It Be", embora gravado principalmente em Janeiro de 1969, foi finalmente lançado em Maio de 1970, com o filme de mesmo nome.

Pela primeira vez num álbum dos Beatles, a capa não continha nem o nome do grupo nem o título do álbum, apenas a fotografia icónica tirada na passadeira perto da entrada dos estúdios em Londres, em Agosto de 1969.

ODS

A data, assinalada hoje pela primeira vez, pretende promover a “mudança consciente de comportamentos com potencial transformador para um futuro sustentável”. O dia escolhido coincide com a data em que as Nações Unidas adoptaram os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), 25 de Setembro de 2015.

Oito anos após o lançamento dos ODS, poucos progressos foram registados e, em muitos deles, há o risco de se tornarem uma forma de "greenwashing" (divulgação falsa sobre sustentabilidade). A fome no mundo aumentou, a igualdade de género está a cerca de 300 anos de distância, apenas 26 pessoas têm a mesma riqueza que metade da população mundial, as concentrações de dióxido de carbono atingiram o nível mais elevado dos últimos dois milhões de anos e mais de uma em cada cinco espécies está actualmente ameaçada de extinção.

No relatório do Tribunal de Contas, divulgado em Julho, no contexto dos países da UE, na maioria dos ODS, Portugal apresenta um desempenho acima da média, contudo existem outros relativamente aos quais os indicadores apontam para a necessidade de um enfoque reforçado. É o caso do ODS 10 – Reduzir as Desigualdades, cuja evolução negativa não foi ainda revertida e do ODS 2 – Erradicar a Fome, cujos indicadores evidenciam progressos lentos. Acrescem os progressos pouco significativos ao nível de outros quatro ODS, também relacionados entre si, o ODS 3 – Saúde de Qualidade, o ODS 9 – Indústria, Inovação e Infraestruturas, o ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis e o ODS 12 – Produção e Consumo Sustentáveis.

No que respeita aos ODS seleccionados como prioritários, apesar da evolução positiva registada num conjunto de indicadores, identificam-se áreas com uma evolução aquém do desejável, resultados que reforçam a urgência na tomada de medidas que conduzam à sua concretização.

«(...) O homem que chegou aos quarenta anos pescava, cozinhava para si os peixes com paciência e cuidado, sentava-se à mesa a ouvir quem ia estender-se ao sol ou jogar bola ali ao pé do mar. Ouvia aquela companhia, que era uma réstia de companhia ou companhia nenhuma, e comia os seus peixes a pensar que tinha de haver uma solução.

Decidiu que sairia à rua dizendo às pessoas que era um pai à procura de um filho. Queria saber se alguém conhecia uma criança sozinha. Dizia às pessoas que vivia no bairro dos pescadores, porque era um pescador, e dizia que os amores lhe tinham falhado, mas que os amores não destruíam o futuro. Pensava o Crisóstomo que algures na pequena vila haveria alguém à sua espera como se fosse verdadeiramente a metade de tudo o que lhe faltava. E muito pouco lhe importava o disparate, tinha nada de vergonha e sonhava tão grande que cada impedimento era apenas um pequeno atraso, nunca a desistência ou a aceitação da loucura.

Pensava que quando se sonha tão grande a realidade aprende.(...)»

Um livro que é uma história. Uma história que é um elogio a todos quantos resistem para além do óbvio. Valter Hugo Mãe está hoje de parabéns.

Imagem Pixabay

Assinalado no quarto domingo de Setembro, o Dia Mundial dos Rios foi criado em 2005 na sequência do lançamento da iniciativa das Nações Unidas, Water for Life Decade.

Esta é uma data que pretende celebrar as linhas de água doce naturais de todo o mundo e o valor inigualável dos rios, com o objetivo de se promover a sua preservação, numa altura em que rios de todo o mundo enfrentam uma série de ameaças que vão desde a poluição às alterações climáticas.

Single do novo álbum dos Depeche Mode (“Memento Mori”), "My Favorite Stranger" foi co-escrito por Martin Gore e Richard Butler. 

Um “estranho” que não só reflete as ações do protagonista, mas também transgride a sua própria essência… movendo-se furtivamente, imitando a fala e ecoando assustadoramente os seus passos. Uma exploração comovente de identidade e dualidade.

Através de imagens evocativas de sombras roubadas e conversas ecoadas, a música explora temas de auto-reconhecimento, confronto e a inquietante percepção de que o nosso estranho favorito pode ser o reflexo que vemos no espelho.

«(…) não é que os governos democráticos trabalhem lentamente, mas que os princípios democráticos nos obrigam a tratar cada expressão de um sentimento de injustiça não apenas de acordo com as regras actuais, mas também com vistas a uma melhor e potencialmente mais igualitária. Certamente, a democracia não cumpre rapidamente as suas promessas imanentes, mas pelo menos não silencia a voz de protesto, que sabe ser o arauto da mudança.

É claro que é impossível listar todas as formas possíveis de desigualdade e os sentimentos de injustiça que podem ou não suscitar, mas algumas se destacam, especialmente o não cumprimento das promessas. Promessas quebradas são interessantes porque são tão comuns na vida privada quanto na vida pública. Em ambos os casos, muitas vezes são actos do forte contra o fraco, insultos da pessoa que pode atender a uma expectativa ou negá-la. A melhor maneira de pensar em promessas é colocá-las num continuum, dependendo da relação entre as pessoas envolvidas. Numa ponta do espectro, teríamos a promessa comercial casual que é rotineiramente ignorada por ambas as partes e, na outra ponta, temos promessas feitas a alguém que é emocional e materialmente inteiramente dependente do promitente. O grau de desigualdade entre as partes, nessa visão, determina em grande parte a intensidade do sentimento de injustiça que as promessas quebradas inspirariam. Revela também que o significado de uma promessa não pode ser apreendido sem ouvir o desiludido. Na política democrática, a sua voz é especialmente significativa porque as promessas quebradas dos funcionários podem muito bem ser actos de transgressão pública, negação de direitos legalmente reconhecidos ou falhas gerais no cumprimento de deveres civis. Nesses casos, a sensação de injustiça tem sérias implicações políticas. Pois a raiva individual pode se tornar desconfiança pública se as suas reivindicações legítimas são ignoradas, e as suas eventuais consequências não são insignificantes. O fracasso em cumprir as promessas políticas enfraquece o governo representativo e encoraja o cinismo político e a passividade, como a abstenção e a recusa em denunciar crimes mostram mais notoriamente (…)»

Considerada uma das figuras mais destacadas da teoria política contemporânea, Judith N. Shklar nasceu neste dia, em 1928.

A alma sobrevivente de uma era em que o ser humano e a natureza caminhavam lado a lado, transmite-nos serenidade contemplativa. Single do álbum “Vozes na Neblina” (2017), “Outono Eterno” evoca a sua beleza na música instrumental dos Urze de Lume.

Maurizio Cattelan "La Rivoluzione siamo noi" (2000)
Imagem Wikiart

Maurizio Cattelan é o bobo da corte do mundo da arte contemporânea. Finge continuamente sabotar as suas próprias oportunidades de sucesso e reconhecimento. Argumentando não ter ideias, certa vez fugiu de um local de exposição saltando por uma janela e descendo por um lençol amarrado. Noutro caso, o artista vendeu o espaço que lhe foi atribuído na Bienal de Veneza a uma empresa de perfumes, que colocou um anúncio do seu produto na galeria.

 Em "La Rivoluzione Siamo Noi" (Nós somos a revolução), uma efígie do artista em miniatura está pendurada num cabide projetado por Marcel Breuer, vestido com o canônico fato de feltro de Joseph Beuys, que o falecido artista alemão usou durante Isolation Unit (1971). Aqui, o “mini-eu” de Cattelan ocupa uma grande galeria, de outra forma vazia, e parece encolher-se timidamente, aparentemente envergonhado por não ter mais ideias para a exposição.

Por mais divertida que seja, a identificação de Cattelan com Beuys sublinha alguns dos aspectos mais profundos da sua arte. Tal como Beuys, Cattelan usa a sua própria imagem para dar significado ao seu trabalho, e a sua afirmação perpétua “Não sou realmente um artista” é simplesmente uma inversão da declaração de Beuys de que “todo homem é um artista”. Beuys apresentou-se como um xamã, uma figura capaz de curar os males do mundo através de rituais e encantamentos. Cattelan, por outro lado, é um trapaceiro que cria problemas num mundo demasiado complacente. Mas esta dicotomia revela-se falsa. Na tradição alquímica, o personagem trapaceiro é ao mesmo tempo um xamã e um brincalhão que pode transformar-se à vontade para realizar a sua magia.

Cantor e compositor australiano, mais conhecido como vocalista dos Nick Cave & The Bad Seeds, que também se tem dedicado à poesia, roteiros, romances e bandas sonoras de filmes, assim como ao seu mais recente livro, "Faith, Hope and Carnage", Cave está hoje de parabéns.

Da sua longa e diversificada carreira, recordo “Stagger Lee”, single do nono álbum “Murder Ballads”, lançado em 1996.

(…) O homem, com a guerra, busca a paz, mas ninguém busca a guerra com a paz. Mesmo os que de propósito perturbam a paz não odeiam a paz, apenas anseiam mudá-la a seu talante.
Sua vontade não é que não haja paz, e sim que a paz seja segundo sua vontade.(…)

Santo Agostinho in “Livro XIX, cap.12: Paz, Suprema Aspiração dos Seres”

Em 1948, no rescaldo da 2.ª Guerra Mundial, homens e mulheres de 45 países, oriundos de diferentes áreas, da ciência à cultura, reuniram-se na Polónia, no Congresso Mundial dos Intelectuais pela Paz. Entre eles, estavam Pablo Picasso, Paul Éluard, Jorge Amado e Irène Curie e os portugueses Fernando Lopes-Graça, Alves Redol, os médicos João dos Santos e Hermínia Grijó, a bióloga Maria da Costa e o físico Manuel Valadares. Deste Congresso (em cujo manifesto se lia "levantamos a voz em favor da paz, do livre desenvolvimento cultural dos povos, da sua independência nacional e da sua estreita cooperação"), e de um segundo, alargado a estudantes, trabalhadores ou religiosos, em Abril de 1949 (o Congresso Mundial dos Partidários pela Paz) haveria de nascer a pomba desenhada por Picasso e o Comité que em Março de 1950 lançaria o chamado Apelo de Estocolmo pela proibição das armas nucleares. Hiroshima e Nagasaki estavam presentes na memória de todos.

Em Novembro de 1949 nasce o Conselho Mundial da Paz, composto por 221 personalidades de diferentes nacionalidades e diferentes áreas.

Meses antes, em Portugal, era criada a Comissão Nacional para a Defesa da Paz. Ruy Luís Gomes, Maria Lamas, Ferreira de Castro ou Virgínia de Moura eram alguns dos elementos activos desta Comissão, que lançou a recolha de «100 000 assinaturas para o apelo de Estocolmo!». No decurso desta campanha (1951-1954), vários activistas foram presos e torturados.

Em 1981, a Assembleia Geral das Nações Unidas elegia o 21 de Setembro como Dia Internacional da Paz, reforçando essa mensagem em 2001 com a designação deste dia como um dia de não-violência e um período de cessar-fogo.

Uma vez que as guerras começam nas mentes dos homens e das mulheres, é nas mentes dos homens e das mulheres que a paz deve ser construída.

O ideal da UNESCO continua uma miragem. Será mais fácil conviver diariamente com a violência do que envidarmos esforços para construir a paz?

(…) a violência é um processo infinito que clama continuamente por uma outra violência superior(…) só é possível enganar a violência se tivermos uma reparação para lhe propor. (…) Pretender dominar a violência com violência é confinar-se à escala da vingança, que terá como único resultado a indiferenciação entre criminoso e autoridade. O contágio da violência expõe qualquer sociedade à aniquilação, se esta não reagir enganando a vingança.

Antoine Garapon

Uma Paz que não recuse a discriminação, que resulte de uma imposição de poder e que se fundamente numa relação entre superior e inferior, além de meramente conjuntural, contem em si o gérmen da violência e, por isso, da sua própria destruição.

Estudo sobre Direitos Ambientais e Direitos Humanos em Angola

Lançamento do Estudo (pdf) sobre Direitos Ambientais e Direitos Humanos em Angola decorre hoje em Luanda. Este estudo foi realizado nos Municípios do Moxico, Bundas e Menongue e destaca a condição de vulnerabilidade dos contextos destes municípios no âmbito dos Direitos Humanos, agravada pelas questões ambientais.

As principais conclusões deste estudo destacam que apesar destas comunidades terem uma perceção básica dos Direitos Humanos e das violações no ambiente, não têm uma voz ativa para os reivindicar e defender ou informação suficiente para tomadas de decisão adequadas. Somente uma intensa colaboração de todos e todas, em diferentes níveis e setores, pode de facto dar respostas concretas no âmbito dos Direitos Humanos e Direitos ambientais.

Júlio Candeeiro, Diretor Geral do MOSAIKO, afirma “Defender o meio ambiente é lutar pelos Direitos Humanos. Por isso, cada pessoa, a seu nível, tem obrigação de se envolver nesta luta, para o bem comum. Lutamos, em conjunto, pelo Direito ao Ambiente ou desaparecemos enquanto espécie”.

Este estudo foi então concebido para ser, ao mesmo tempo, uma fonte de apoio ao trabalho de formação, capacitação e empoderamento das comunidades mais expostas aos riscos e possíveis desastres ambientais (consequências da indústria extrativa, poluição, desflorestação massiva, etc.), e para servir de base a uma advocacia forte, uma arma de luta pela proteção e respeito dos Direitos do Ambiente em Angola.

O estudo foi realizado no âmbito do projeto USAKI: Somos Ambiente e tem o apoio financeiro da União Europeia e o co-financiamento do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P.

Escrita pelo vocalista e guitarrista Kurt Cobain, "All Apologies" aparece como a 12ª faixa do terceiro e último álbum de estúdio dos Nirvana, "In Utero", lançado pela DGC Records a 21 de Setembro de 1993. A música fecha a versão americana do álbum, enquanto versões de "In Utero" fora dos EUA apresentam uma música adicional, "Gallons of Rubbing Alcohol Flow Through the Strip".

"All Apologies" é exibida numa versão ao vivo, gravada no programa MTV Unplugged da banda,  pouco antes do lançamento do single, como videoclipe.

Naquele que seria o seu dia de aniversário, recordo a faixa de abertura do álbum póstumo de Leonard Cohen, "Thanks For The Dance". Produzido por Adam Cohen, o disco cumpre o desejo do seu pai de terminar algumas músicas que escreveram juntos.

I was always working steady
But I never called it art

Adam Cohen terá explicado que a música é uma declaração de intenções: "I think it's one in a long line of songs that have his essential thesis in life, which is the broken hallelujah: Everything cracks, and this is what happens to the heart."

Teatro Oficina "Ensaio Técnico" © Jaime Machado

“Ensaio Técnico” é a primeira criação de Mickaël de Oliveira para o Teatro Oficina (TO). Esta nova criação é inspirada no próprio pressuposto do actual projecto artístico para a companhia, que privilegia a criação artística nos seus processos de partilha. O autor e actual director artístico convidado do Teatro Oficina para o biénio 2023-2024 propôs-se assim a construir uma ficção que reflecte sobre os desejos, as dificuldades, as felicidades, o desespero, o trânsito de ideias que animam a criação de um espectáculo de teatro, mergulhando o espectador em muitas inquietações artísticas, sociais e políticas ao longo de um ensaio de teatro inventado e conturbado.

Navegando neste “Ensaio Técnico”, um grupo português de jovens intérpretes de teatro viveu uma experiência única num curso internacional de verão, em Viena, dedicado à Arte da Performance e inspirado sobretudo no percurso do Wiener Aktionsgruppe (1960). Regressados a Portugal, o grupo funda uma estrutura em artes performativas para continuar a sua experiência austríaca, explorando a ideia de performance contínua e aberta que, durante três anos, norteou a sua acção artística e recatou as suas vidas, longe de qualquer vida urbana e instituição cultural. Ao longo desse período, o grupo de performers aposta na superação de si na arte como na vida pela verdade, através de práticas laboratoriais, organizadas em ensaios teórico-práticos (estruturação e simulação da performance) e ensaios técnicos (execução da performance), um trabalho artístico realizado em autarcia. Depois de um ensaio técnico, que procurava executar uma performance fisicamente mais audaz, um dos performers perde a vida, já em sua casa. O grupo decide então pôr um termo à estrutura e projecto artísticos, homenageando o falecido amigo, com uma apresentação pública que expõe os resultados e as dúvidas que surgiram ao longo de três anos de intensas vivências colectivas.

A nova criação da companhia vimaranense tem sido ensaiada, desde Julho, no Espaço Oficina (Av. D. João IV, 1213 Cave, 4810-431 Guimarães), local onde vai ser apresentada, de quarta 4 a sábado 7 Outubro, e contou ainda com o Centro de Criação de Candoso, como espaço de residência artística.

Com texto, encenação, espaço cénico e realização de Mickaël de Oliveira, interpretação e colaboração artística de Beatriz Wellenkamp Carretas, Joana Pialgata, Siobhan Fernandes e Zé Ribeiro (que assume também a assistência de encenação), e apoio à dramaturgia de Marta Bernardes, este espectáculo é dirigido a maiores de 16 anos de idade e inclui interpretação em Língua Gestual Portuguesa.