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Arte Notes.

Anotações artísticas, Ambiente & Direitos Humanos por Ana Branco.

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Anotações artísticas, Ambiente & Direitos Humanos por Ana Branco.

Amélia Muge inaugura a exposição «Ver e Ouvir Amélias»

29.03.23

 

Amélia Muge na FNAC do Chiado

 

Amanhã, na FNAC do Chiado, em Lisboa, Amélia Muge inaugura a exposição «Ver e Ouvir Amélias», que apresenta as ilustrações da artista para o seu último trabalho e lança também a segunda edição deste "Amélias", editado em 2022 e que foi grandemente elogiado pela crítica nacional e internacional.

 

Neste evento, haverá uma conversa com o jornalista Nuno Pacheco e um pequeno momento musical com as três cantoras instrumentistas que têm acompanhado Amélia Muge em palco.

Como já tem sido habitual, os CDs de Amélia Muge nunca nos oferecem apenas música. Encarar o objeto CD como uma peça gráfica com um valor estético em si mesmo, fornecendo ainda informação complementar que extravasa em muito os habituais modelos de CD existentes no mercado, é uma característica e uma preocupação que sempre encontrou, num novo trabalho, uma forma de se ir desenvolvendo, em busca de novas soluções.


As suas ilustrações foram ocupando um espaço de comunicação cada vez mais relevante , originando, no seu último CD "Amélias", uma colecção de postais que são também o suporte gráfico das palavras de cada tema. Os traços, as cores, os motivos temáticos convivem e interagem com a pluralidade das vozes cantadas pela artista. É com parte deste material de base e com as opções gráficas e editoriais das designers Cristiana Serejo e Olinda Martins para a criação do CD que é feita esta Exposição, de que as mesmas designers são curadoras e que vai rodar por algumas FNACs do país.

A inauguração será feita com o lançamento de uma 2ª edição do CD, com uma diferente opção em termos visuais, embora a partir do mesmo projeto gráfico e editorial e com uma faixa bónus.

Este lançamento conta com a presença dos jornalistas Nuno Pacheco, bem como com a presença das 3 cantoras instrumentistas que acompanham Amélia Muge nos seus concertos de apresentação do "Amélias": Catarina Anacleto, Maria Ceia e Rita Maria, para um pequeno momento musical.


Sobre a Exposição

Ilustrações de Amélia Muge para o seu último trabalho discográfico: Amélias

Fornecer uma maior informação sobre o papel da ilustração na caracterização da personalidade artística de Amélia Muge foi a primeira motivação para a criação desta exposição. Os espaços FNAC, de oferta cultural variada, são um local ideal, devido também à proximidade natural com o público que por aqui circula.

A ilustração, no caso de Amélia Muge, para além de ser feita por ela própria na maioria das suas obras, nunca aparece como um mero adorno. A componente visual (não só para os CDs mas também para vídeos e elementos cénicos) sempre funcionou como fator fundamental de inspiração e ligação entre o ouvir e o ver.

Observar as suas ilustrações é também refletir sobre o lugar da canção como espaço de ligação ao mundo em geral e ao mundo artístico em particular. A imagem e o tipo de relações que estabelece quer com o CD no seu todo e os temas em particular, quer com auto-retratos com base em fotografias, é uma das características recorrentes do seu trabalho.

Outra característica é a referência a imaginários do património gráfico da cultura popular (presentes quer na olaria, como nos bordados, tecelagem ou instrumentos de trabalho) quer aos grafismos mais contemporâneos, derivados da própria escrita, tecnologia e outras linguagens pictóricas. Por fim, é de referir também a utilização de uma série de técnicas ligadas ao desenho, à pintura, à fotografia e à imagem digital.

Recusou, desde o seu primeiro CD "Múgica" os meios convencionais de promoção e sempre teve a preocupação de fugir aos clichés, aos estereótipos que foram mudando, consoante as épocas e os géneros musicais. Curiosamente foi havendo uma aproximação entre o seu tipo de abordagem musical, que sempre usou vários tipos de linguagem e o que foi encontrando como vocabulários de base para a construção das suas ilustrações.

A exposição também contribui para enriquecer a compreensão do que pode ser o papel da ilustração na fruição da obra. Muito particularmente neste caso, podemos “ouvir” nas imagens, as várias visões imaginárias das vozes amelianas.

O papel cada vez mais relevante da ilustração, sobretudo desde Taco-a-Taco e depois em A Monte, Não sou daqui, Uma Autora 202 Canções, Périplus (Deambulações Luso-Gregas), Amélia com Versos de Amália, Archipelagos (Passagens) está bem patente neste Amélias.


A Exposição, com curadoria de Cristina Serejo e Olinda Martins está organizada em 16 quadros

Para lá das ilustrações feitas para cada um dos temas (apenas parte delas) e de algumas experiências para a escolha da capa, inclui também alguns auto-retratos com base em fotografia e por último, as soluções gráficas encontradas especificamente para a primeira e segunda edição do CD.

Fonte